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Diretor da bless tothenations



O BRASIL

O BRASIL

O Brasil, nas últimas décadas, vem confirmando,

infelizmente, uma tendência de enorme

desigualdade na distribuição de renda e elevados

níveis de pobreza. Um país desigual, exposto ao

desafio histórico de enfrentar uma herança de

injustiça social que exclui parte significativa de sua

população do acesso a condições mínimas de

dignidade e cidadania. Como uma contribuição ao

entendimento dessa realidade, este artigo procura

descrever a situação atual e a evolução da magnitude

e da natureza da pobreza e da desigualdade

no Brasil, estabelecendo inter-relações causais entre

essas dimensões.

Trata-se de um relato empírico e descritivo,

que retrata a realidade da pobreza e da desigualdade.

Nossa hipótese central, presente em estudos

anteriores,1 é que, em primeiro lugar, o Brasil não

é um país pobre, mas um país com muitos pobres.

Em segundo lugar, acreditamos que os elevados

níveis de pobreza que afligem a sociedade encontram

seu principal determinante na estrutura da

desigualdade brasileira — uma perversa desigualdade

na distribuição da renda e das oportunidades

de inclusão econômica e social.

Procuramos, ainda, demonstrar a viabilidade

econômica do combate à pobreza e justificar a

importância, no atual contexto econômico e institucional

brasileiro, de estabelecer estratégias que

não descartem a via do crescimento econômico

mas que enfatizem, sobretudo, o papel de políticas

redistributivas que enfrentem a desigualdade.

O trabalho está organizado em três partes. A

primeira parte visa mensurar a pobreza no país,

descrevendo sua evolução nas últimas duas décadas.

A segunda parte procura estabelecer um diagnóstico

genérico sobre os principais determinantes

da pobreza, documentando em que medida o grau

de pobreza observado no país deve-se à insuficiência

agregada de recursos ou à má distribuição dos

recursos existentes. Nesta parte, realizamos uma

comparação internacional e uma análise da evolução

dessas dimensões ao longo do período estudado.

Em seguida, procuramos descrever a estrutura

da distribuição de renda entre as famílias brasileiras.

A terceira e última parte do artigo pretende

retratar em que medida as modestas reduções no

nível de pobreza observadas no período analisado

resultam do crescimento econômico ou da redistribuição

de renda. Em conclusão, e de acordo com

o diagnóstico proposto ao longo do texto, destaca-